terça-feira, 3 de setembro de 2019

Silencio Eloquente

Tenho pensado em procurar um psiquiatra, sim, um médico especializado em doenças mentais, e honestamente, não seria a primeira vez. Esse tipo de especialidade já faz parte da minha carteirinha de médicos que recorro na vida, mas fico pensando, imagina eu agora sem plano de saúde e por isso sem possibilidade de escolha indo, depressivamente a um posto do SUS para primeiro marcar um consulta com a especialidade, normalmente demora mais de 1 mês até ter vaga, ai depois eu indo pra um completo desconhecido, 2 meses mais louca e dizer pra ele: Olha eu não te conheço, em uma hora de consulta vai ser complicado eu tentar explicar tudo pra você, então acelera o processo e me dá bupropriona ou fluoxetina, umas 6 receitas pra gente economizar o processo ou de preferência amostras grátis por que estou desempregada, mas por favor não me dê nada para dormir por que é só de madrugada, vendo meus seriados favoritos no netflix sem que ninguém me peça nada, ninguém fale comigo, ninguém me lembre que tenho obrigações, é que me sinto eu mesma? como explicar isso pra alguém que acabou de sair de uma faculdade de psiquiatria? acho que posso deixar ele um pouco confuso ou minimamente tenso.
Ele cheio de boa vontade e lembrando dos conceitos aprendidos nas cadeiras universitárias falará comigo sobre terapia, mas o SUS é aquela merda né? desenvolver empatia com um médico que você escolheu é uma coisa, mas com um médico que você foi encaminhado e que talvez tenha a metade da sua idade é outra bem diferente.
Explicar pra ele que sou lúcida o suficiente pra entender a complexidade de tudo o que sinto, dos problemas que originaram e dos problemas que não foram bem administrados ao longo da vida acho que será inútil, afinal quem acreditaria numa pessoa que visivelmente está enlouquecendo?
Fora isso eu tenho o maior medo de me deparar com aquelas figuras que parecem ter saído de um comercial, semblante em paz, calmos, vida organizada e ele me dizer: você precisa buscar aquilo que te faça feliz e eu ter vontade de matar a pessoa ali mesmo, com raios de rancor emanados por um olhar fulminante.
Se fosse fácil doutor! ah se fosse fácil!
Meu marido tem se agarrado desesperadamente ao espiritismo, diz ele que se sente bem, mas acho que lá no fundo só fortalece o otimismo dele que o faz acreditar que as respostas virão do céu, eu já desisti de acreditar nisso faz bastante tempo e me agonia a espera, o tempo do céu é muito diferente do nosso, por que quando é pra melhorar a gente tem que esperar, mas quando é pra te arrasar é preciso apenas 1 mísero minuto e pronto, deu merda!
Na minha sala de "trabalho" tem uma frase de André Luiz que diz assim: "não sobrecarregues os teus dias com preocupações desnecessárias, a fim de que não percas a oportunidade de viver com alegria". Tudo muito inconsistente sabe? por que no espiritismo só ouvimos que estamos vivendo num mundo de provas e expiações, coisa que eu concordo totalmente, e que a felicidade plena não é deste mundo... ser feliz como então? em outra vida? outro plano? putz!!! isso não me causa muito otimismo e nem acho uma forma boa de fazer com que o ser humano se anime, aliás é bem chato ter que pensar que você que se sente desanimado, sobrecarregado, fudido (desculpe a expressão) ainda tem que pra melhorar a sua barra se dedicar a caridade, ajudando o outro. Como explicar que eu não tenho mais nada de mim pra dar? eu me esgotei. Todos me olhando com aquele olhar pseudo-superior e me julgando: OLHA LÁ A EGOISTA, ESPIRITO ATRASADO! e eu só querendo ver meus seriados de TV e fingir que a vida dos outros é bacana.
Por isso amigos, enquanto um psiquiatra me dope de remédios eu venho aqui e escrevo, descobri que aqui é o melhor lugar que tenho pra desabafar. Esse blog é desde 2010, tive outros antes desse, mas apesar dele estar disponível no meu facebook, maior rede social do universo, ninguém entra aqui. Apesar de quase 2000 amigos adicionados nas minhas redes sociais, ninguém teve a curiosidade de entrar , ler e comentar nada. aliás, acredito que ninguém tenha o interesse de ler nada que eu escrevo por que recentemente escrevi dois livros, um minha auto biografia, não divulguei, dei 5 exemplares para os mais próximos, até onde eu saiba só uma pessoa leu e comentou, meu marido. O segundo livro foi de reflexões sobre os pecados capitais na atualidade, vejam bem, tenho quase 2 mil amigos em redes sociais, escrevi um misero livro de 66 paginas e divulguei pra eles e só quem comprou foi: meu pai, minha mãe, meu primo cego e eu mesma. Meu marido leu até a metade e abandonou em cima da mesa de trabalho, que eu vejo todos os dias, já leu uns 5 livros desde então, mas o meu ficou lá. Minha mãe leu e só me disse: "leitura edificante", já os outros acho que nem leram.
Ninguém se interessa por nada que eu tenha a dizer, por isso eu venho aqui. Garantido que ninguém verá nada disso, talvez depois da minha morte, caso futuquem meu facebook antes de desativar, ou não.

De verdade, nada importa.
Ninguém se importa.

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